A Lenda dos Predestinados

 

 

 

 

Lunna

 

A Lenda dos Predestinados

 

 

 

 

 

 

Por André Nunes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 01

 

 

A Cidade das

Almas Perdidas

 

 

 

 

                                      Há milhares de anos, em um mundo chamado Lunna, iluminado por dois sois e três luas, um demônio milenar, senhor de quase todas as cidades do oriente, ordenou uma reunião entre seus reis súditos, diante de seu castelo em Hillak, mais conhecida como cidade das almas perdidas. O que Daeminikus lhes ordenaria naquela noite mudaria toda a rotina daquele imenso planeta. Ao seu lado se encontrava sua fiel conselheira, Gargântua, a bruxa. Em curtas palavras que soavam como trovões, ele mandou seus homens partirem para o ocidente, dominando todas as suas cidades, matando e escravizando todo aquele que ousasse intervir, e exterminando sumariamente todo e qualquer predestinado que pelo caminho fosse encontrado. Seus reis súditos se entreolharam e partiram quase que imediatamente para preparar sua caravana. Daeminikus, que possuía quatro metros e meio de altura, grandes chifres e pele esverdeada, com um enorme cordão de crânios no pescoço, bateu fortemente a porta de seu tenebroso castelo, adentrando-o, seguido de sua conselheira mística.

  • Estou certa que em um ano e meio ou dois toda Lunna lhe pertencerá.

  • Que assim seja. E seu povo, os predestinados terá sido varrido da face do planeta.

  • Por que insiste em me ofender, mestre? Sou humana, sim, porém nunca me considerei uma predestinada. Sou e sempre serei uma mística da etnia das bruxas, embora meus pais outrora pertencessem aquele povo maldito.

  • És e sempre serás minha preferida dentre meus lacaios, porém não podes negar o sangue que lhe corre nas veias.

Gargântua estremeceu por dentro. Conhecia muito bem seu mestre a ponto de saber que provavelmente a mataria ao final de tudo para garantir a extinção da raça humana. Não só a ela, mas também a suas filhas aprendizes de bruxa. Chegou a se arrepender de ter encontrado e levado ao conhecimento de Daeminikus as Flathyris, pergaminhos de centenas de anos de existência que atestavam a lenda de que os seres humanos estavam predestinados a tomar as rédeas de Lunna, sufocando todas as outras raças inteligentes do planeta, levando-as desta maneira a extinção absoluta. Não havia dúvidas de que as Flathyris haviam sido escritas pelo grande mago profeta Straaugh, e não havia motivos para duvidar de que suas premonições de fato aconteceriam, pois esta era a última das seis que profetizara em vida, tendo as outras se realizado, a não ser pela penúltima, que relatava o assassinato de uma rainha do passado durante uma peregrinação. Sabendo antecipadamente dos fatos, a rainha Pollyana não saiu em peregrinação, reforçou sua proteção pessoal e desta maneira conseguiu adiar sua morte em três anos. Ao invés de um golpe de espada na nuca, fora envenenada por uma de suas serviçais. Desta maneira, ficara provado que o futuro podia ser modificado, uma vez que os envolvidos tivessem acesso aos detalhes da profecia e agissem para evita-la. Era o que Daeminikus pretendia fazer. Restava a Gargântua agora pensar em uma maneira de ser poupada. Trair Daeminikus, jamais, até porque algo pelo qual sempre sonhara estava em andamento. O fim dos predestinados. Chegou ao segundo piso do castelo e andou, pensativa e temerosa, na direção de uma grande janela, que transpôs com um salto. Suavizou a queda por meio de magia e passou a caminhar com pressa em direção a um lugarejo próximo, onde ficava sua cabana. Passou por alguns reptilescos que montavam guarda nas proximidades do castelo, raça de seres fiéis a Daeminikus que era maioria absoluta naquela cidade. Ao vê-la, a reverenciaram, sem que esta lhes tivesse dado bola. Pensava nas filhas. O que seria delas num futuro próximo? Ergueu o braço direito e com o dedo em riste criou luz por intermédio do indicador. Os becos e vielas eram de um negror quase total. A neblina espessa também atrapalhava a visão. Absolutamente ninguém era avistado por ali à uma hora daquelas. Poucas pessoas seriam capazes de sair pelas ruas de Hillak num momento como aquele. Gargântua era uma dessas poucas pessoas. Bruxa bela, de quatrocentos e trinta e sete anos de idade, com aparência de vinte e seis. Repentinamente, um urro selvagem se fez ouvir na madrugada. Ela parou, não por medo, mas para poder enxergar melhor. Conhecia bem aquele som. Era o uivo de um lobo. Não um lobo comum, mas sim um lobisomem. Não havia por que teme-lo, até porque em sua trajetória de vida, havia matado facilmente mais de cem bestas daquelas. Era o lobo que devia teme-la, mas ele não sabia disso. O que estava vendo a sua frente era uma mulher indefesa e apetitosa. Ela intensificou o brilho da luz mágica que trazia na mão como uma lâmpada e finalmente pode vê-lo, babando, a uns cinco metros de distancia, bem na sua frente.

  • Vou lhe dar uma única e simples oportunidade de se retirar, se é que pode me entender. Você é um homem-lobo, não? Nunca vi um licântropo no oriente, por isso imagino que possa entender o que digo.

  • Sim...

  • Sabe quem sou?

  • Não...

  • Gargântua!!!

  • Está blefando para se safar. Qualquer uma poderia dizer isso. Se é mesmo quem diz ser, prove.

  • Está bem.

A bruxa, sem esforço, transformou a bola de luz que trazia na mão em uma labareda de fogo e a atirou na direção da criatura, que se contorceu de dor enquanto era dizimada pelas chamas. Em segundos, somente cinzas restaram. Os lobisomens estão divididos em duas espécies distintas. Os licântropos, que vivem no ocidente, são humanos que foram mordidos ou feridos pelas unhas de outros licântropos e em consequência disso passaram a se transformar todas as noites em feras caninas, porém, ao se transformar, perdem qualquer resquício de razão ou sentimento. Se tornam animais ferozes e vorazes, capazes de matar e comer seus próprios parentes e amigos sem qualquer compaixão, sem se lembrar de nada no dia seguinte pela manhã quando voltam a assumir sua forma humana. Os lobisomens do oriente são os homens-lobo, criaturas que se transformam ao seu bel prazer, tanto a noite quanto de dia, sem perder a consciência, porém adquirem um instinto animal bem mais apurado quando transformados em bestas. Se mordem alguém, não passam sua maldição adiante. Sua história começou a centenas de anos atrás, quando uma feiticeira foi atacada por um licântropo, que após feri-la foi morto por ela. Esta passou a se transformar ao cair das noites, atacando a tudo e a todos no vilarejo onde morava sem que ninguém desconfiasse de quem se tratava. Enquanto os aldeãos procuravam descobrir quem entre eles estava causando toda aquela desgraça, ela tentava, por meio de feitiços, descobrir uma cura, porém, durante mais um ataque, após matar três guerreiros de sua aldeia, ela foi capturada viva, ainda em sua forma lupina. Eles a acorrentaram, para que de manhã pudessem ver de quem se tratava, e foi o que aconteceu.

  • É a feiticeira... A nossa feiticeira.

  • Vamos mata-la. Loba desgraçada. Como pôde matar todas aquelas pessoas? Sua própria gente...

Antes que pudesse dizer àqueles aldeãos que tentava encontrar uma cura para seu mal, eles despejaram óleo fervente em cima de todo o seu corpo. Na agonia de morte, a feiticeira teve uma atitude de bruxaria, amaldiçoando todos os ali presentes, aos gritos, enquanto se contorcia de dor.

  • Desgraçados... Eu os amaldiçôo. Me matam porque me transformei em lobo? Pois se transformarão em lobos e comerão carne humana daqui para frente e por todos os seus dias, assim como seus filhos e os filhos de seus filhos por todo o sempre.

E assim nasceram os homens-lobo. Há ainda uma diferença física entre as duas espécies de lobisomens. Os do ocidente costumam chegar aos dois metros de altura e possuem a pelagem marrom, castanha ou ruiva, contra um metro e oitenta dos orientais, que revezam na pelagem entre o negro e o cinza. A bruxa passou por cima das cinzas de sua vítima, criando nova bola de luz, desta vez maior, de maneira que iluminou toda a viela por onde transitava. Tudo ali era muito sinistro, justificando o nome pelo qual a cidade de Hillak era conhecida. Cidade das almas perdidas. Os aldeãos começaram a se referir a ela desta maneira quando, séculos atrás, Daeminikus tomou-a como sua moradia. Um rei reptelesco que tentou evitar seu ataque foi sumariamente morto e um outro colocado em seu lugar pelo novo soberano. Baseando-se nas lendas antigas, que diziam que as almas das vítimas de demônios ficavam circulando em torno de seu algoz até o momento da morte deste, quando seriam libertadas e poderiam vagar para o infinito ao encontro do grande Deus criador do universo, tendo direito enfim ao descanso eterno.

Gargântua chegou a sua cabana, despindo-se da túnica que usava para se proteger do congelante inverno oriental. Jogou-a de qualquer maneira na direção de uma de suas filhas, Bélick, que se encontrava logo a sua frente. Ela a interceptou e a pendurou.

  • Acabei de ser ameaçada por um lobisomem, acredita?

  • Sério? De qual espécie?

  • De qual espécie você acha que estou falando, Wicca?

  • Ah, sim. Me esqueci que não existem mais licântropos deste lado privilegiado do mundo.

  • Sim. Parece que a guerra entre eles restringiu os licântropos ao ocidente.

  • Por que eles travaram guerra entre si?

  • Há centenas de anos atrás, uma licântropo foi responsável pela maldição dos homens-lobo, que desde então passaram a persegui-los e extermina-los, numa atitude vingativa. Mais inteligentes, acabaram tendo êxito de eliminar todos os que viviam no lado oriental.

Neste momento, a filha mais velha de Gargântua, Maléfikt, apareceu no recinto.

  • Do que falam?

  • Lobisomens.

Maléfikt, três anos mais velha que a irmã, é alta e morena, de corpo escultural. Possui somente cento e dois anos de idade, contra noventa e nove de Bélick, que é um pouco mais baixa e totalmente albina. A ausência total de melanina em seu corpo não fora causada por uma falha genética, mas sim por um encantamento mal colocado. Desde então sua mãe tem tentando reverter seu efeito sem sucesso. Por causa de sua aparência, ela ficou conhecida como bruxa albina. Os olhos de Gargântua se elevaram e seu globo ocular ficou completamente branco repentinamente. Suas filhas sabiam o que significava. Daeminikus estava se comunicando telepaticamente com ela. Quando seus olhos voltaram ao normal, Bélick se dirigiu a ela.

  • O que ele queria?

  • Tenho de ir até a cabana de Daark. Ele tem uma mensagem importante para ela transmitir.

  • Por que não passou as ordens diretamente a ela?

  • Ele deve ter tentado. Se bem a conheço, a maldita deve estar hibernando. É necessário colocar quase sua casa toda abaixo para faze-la acordar. Estou indo.

Ao chegar diante da residência de Daark, Gargântua teve dúvidas se ela estaria lá dentro. Era óbvio que ninguém entrava ou saía dali há tempos, pois a cabana estava praticamente soterrada pela neve, que ela teve de derreter por meio de magia. Ao entrar, sentiu um calafrio. Gargântua, que é conhecida como a bruxa mãe, odiava Daark, a bruxa canibal. Além de se alimentar basicamente de carne humana, Daark invejava Gargântua por ser a bruxa preferida de Daeminikus. A bruxa mãe sabia que um dia teria de enfrentar a bruxa canibal, e temia por esse momento. Elevou a mão direita, criando uma esfera luminosa que acendeu o ambiente. Lá estava ela bem à sua frente, colada ao teto, dentro de uma espécie de casulo. Daark, de tempos em tempos, hibernava para rejuvenescer e ficar mais bela. Digo mais bela porque de feia não tinha absolutamente nada. Era simplesmente linda. Linda e má. Difícil era ver uma bruxa ou feiticeira feia, em qualquer canto do mundo, pois munidas das artes místicas, se beneficiavam dela, vaidosas que são. Gargântua imaginou como seria fácil eliminar sua desafeta e chegou a cogitar essa possibilidade, mas logo afastou a idéia, pois sabia que Daeminikus não a perdoaria. Puxou um banco para perto de si e subiu nele, ficando ao alcance da rival. Com uma adaga afiada que tirou da cintura, passou a cortar toda a crisálida, até que Daark caiu de cara no chão e urrando de dor e ódio, ainda meio sonolenta, avançou na direção da bruxa mãe, que lhe aplicou tremendo tapa no rosto. A bruxa canibal foi cair no exato mesmo lugar de onde levantara. Com os olhos vermelhos do mais puro ódio, dirigiu a palavra a Gargântua.

  • Como ousa? Perdeu a noção do perigo?

  • Já hibernei muitas vezes pra saber em que estado lamentável você se encontra neste momento. São necessários pelo menos dois dias para que você recupere completamente a coordenação. Ou seja, está a minha mercê. Mas não foi pra tirar sua miserável vida que vim aqui, e sim pra lhe passar ordens do mestre. Ele quer que vá imediatamente até o soberano dos predestinados e peça sua rendição. Nosso mestre quer fazer uma tentativa antes que nossos exércitos comecem a marchar pra guerra.

  • Isso é totalmente desnecessário. Sabemos todos muito bem que os malditos humanos não irão se render assim.

  • Sei... Mas ordens são ordens.

  • Me recuso a viajar para tão longe por uma missão fadada ao fracasso.

  • Ótimo. Informarei ao mestre sua decisão imediatamente.

  • Espere... Diga-lhe que estou partindo pela manhã. Terei de dar no mínimo uns mil saltos. Maldição.

Gargântua partiu sorrindo. Sabia que Daark foi escolhida como mensageira porque sabia dar saltos. O salto consiste na capacidade que algumas bruxas possuem de se teleportar para outros lugares. O limite é até onde os olhos alcançam, pois não podem se materilizar onde não enxergam por motivos óbvios. Podem acabar dentro de uma montanha ou ocupando o mesmo espaço que uma criatura qualquer, gerando desta maneira sua morte imediata. Kronus, o soberano de todos os reis predestinados estava na sacada de seu quarto no maior castelo de toda Lunna, que lhe servia de residência, quando, sem o menor aviso, surgiu Daark diante de si, em meio a uma nuvem de fumaça. O velho rei tomou tamanho susto que chegou a cambalear. Schrmyr, sua feiticeira e conselheira, imediatamente o envolveu em um escudo místico. Daark se dirigiu a ela.

  • Não há necessidade disso neste momento, feiticeira mãe. Estou aqui em paz desta vez, para propor ao seu soberano a rendição de todos os predestinados, afim de evitar a maior guerra de todos os tempos.

  • Guerra? Quem está promovendo guerra contra meu povo? Ah, sim... Sendo você capacho de quem é, faço uma boa idéia.

Era Kronus que acabara de insultar a bruxa.

  • Exijo uma resposta imediatamente.

  • Quem é você para exigir algo de mim? Diga ao seu maldito mestre que minha resposta é e será não sempre. Diga-lhe para não enviar mais mensageiros, para vir pessoalmente quando tiver algo a tratar comigo, se por acaso tiver coragem. Eu o desafio a mostrar aquela cara horrorosa.

Daark, tão inesperadamente quanto havia surgido, desapareceu em meio a fumaça e cheiro de enxofre. Dias depois, exausta, estava de volta a cidade das almas perdidas. Dirigiu-se ao castelo de seu senhor e mestre Daeminikus e por meio de levitação, adentrou a mesma grande janela por onde Gargântua havia se precipitado, dias atrás. Enquanto procurava o soberano do mal, uma voz de trovão lhe fez saltar de susto.

  • Por quer entras furtivamente em meu palácio, bruxa decrépita?

Daeminikus teve de se abaixar a ponto de escorar o corpo com uma das mãos no chão para chegar o rosto bem próximo de Daark. A bruxa canibal jamais esteve tão próxima de se mestre. Seus longos chifres quase chegaram a tocar nela. Sua pele era bem verde e seus dentes medonhos. Tornou a falar, expelindo bafo mais fétido que xorume.

  • O que tinha em mente? Fale logo, ou terei de mastigar seu cérebro pra descobrir o que estava pensando.

  • Grande mestre... Nenhuma traição passou por minha cabeça. Estava somente procurando-o para lhe contar pessoalmente sobre a audácia do soberano predestinado Kronus.

  • De que audácia está falando?

  • Mestre, acreditas que o velho teve a petulância de desafia-lo a ir pessoalmente ao seu encontro?

  • Há, há, há, há... Sim. No momento certo lhe farei uma visita. Veremos o que ele dirá na ocasião.

  • Se me permites dizer, não creio que o velho represente ainda uma ameaça. Nos seus dias de jovem guerreiro sim, mas não agora.

  • Kronus está velho, mas não perdeu seu desejo pela batalha nem sua força e agilidade, porém, sempre considerei seus dois filhos mais talentosos na arte da guerra. Ainda sim, o verdadeiro desafio para meus exércitos será Alian, o general dos exércitos predestinados. Ele, além de ser o maior guerreiro humano vivo, tem a simpatia de seus soldados e senso de comando. Alian é combatente e líder nato. Por isso, devemos tira-lo de ação logo no começo. Trace um plano para mata-lo o mais rápido possível e crescerá no meu conceito. Use o artifício que tiver às mãos e conte com minha aprovação desde já.

Daark deixou o castelo radiante. Sabia que sua escalada para substituir Gargântua como principal operativa do demônio começaria tendo êxito em assassinar o general predestinado. Ela não mediria esforços. Naquela noite, não dormiu, traçando planos e possibilidades. Enquanto isso, do outro lado do mundo, Kronus chegava à reunião imposta por ele próprio. Empurrou nervosamente a grande porta que dava acesso ao anfiteatro e sem cumprimentar ninguém, como era de seu feitio, sentou-se na primeira cadeira. A mesa era enorme e com muitos assentos, porém, o local estava tão repleto de seres, humanos e não-humanos, que muitos destes precisaram ficar de pé, inclusive sua fiel feiticeira Schrmyr, que manteve-se ao seu lado, de cetro na mão. Ninguém ali presente jamais havia visto o rosto de Schrmyr, sempre protegido pela túnica. As pessoas só podiam enxergar seus lábios e suas mãos, e isso bastava para saberem que tinha aparência jovem, embora quando se tratava de bruxas, feiticeiras, magos e feiticeiros, nada poderia ser dito de concreto a respeito de suas idades, pois tinham o segredo da juventude nas mãos. Kronus fitou todos os rostos em volta e pode perceber que ali se encontravam seus dois filhos varões, Carden e Crapht, seu general Alian, Genith e Malick, sacerdotisas dos elementais do ar, Ergôn, destemido guerreiro predestinado, Arlan, irmão de Alian e capitão de seus exércitos, D'eerx, melhor arqueira do reino, Porménon, mensageiro dos elfos, Mennal, anão guarda-costas de Kronus, Grandal, único reptilesco a viver entre os humanos, Lemmér, batedor do povo alado, Palinn, centauro guerreiro amigo de Carden, Gtithh, fauno da confiança de Gór, príncipe herdeiro dos faunos. Mokre, criatura mestiça de rastejador com alado, mensageiro dos predestinados, dentre vários outros seres.

  • Vou direto ao assunto porque não gosto de rodeios e tenho muito a fazer. Estaremos em guerra dentro de alguns dias. O inimigo número um de todos os seres de bem de Lunna finalmente se manifestou. Daeminikus mandou sua mensageira Daark nos enviar um ultimato. Rendição total ou a morte. É claro que a mandei ir pro inferno. Portanto, preparem-se. Seu exército de reptilescos já deve estar marchando em direção ao ocidente. Sabe-se lá mais quem pegará como aliados. A crise é grave e deveremos estar ainda mais unidos neste momento, pois ele não costuma fazer prisioneiros. Seu intuito é a eliminação e sabemos todos disso. Alian e Arlan vão preparar nossos exércitos para a grande batalha enquanto Carden e Crapht sairão atrás de aliados. Devemos nos reforçar ao máximo, pois o que está em jogo não são somente nossas vidas, mas todo o futuro de Lunna. Fui claro? Que o grande Deus criador nos ajude. Podem ir agora.

Tão explosivamente quanto houvera chegado, Kronus deixou o lugar, seguido por sua conselheira e seu guarda-costas anão, ignorando as súplicas de maiores esclarecimentos. Carden tocou o ombro de Crapht.

  • Ouviu o que nosso pai disse, irmão... Não temos tempo a perder. Vamos preparar nossa caravana. Prepare-se para ser diplomata. Temos muita gente pra convencer. A campanha será exaustiva.

Crapht concordou com a cabeça. Sabia que o irmão mais velho tinha razão. Estava muito preocupado, mas pronto para a batalha. Passou pelo quarto do castelo que era sua residência oficial, pegou tudo o que achou que iria precisar e depois foi dar as más noticias a sua noiva Redent. Ela chorou um pouco, depois limpou as lágrimas e o mandou aguardar. Quando saiu de sua cabana, estava com um amarrado de roupas enorme.

  • Vou com você onde você for.

Crapht sorriu. Não iria impedi-la. Gostava de ter a bela noiva por perto, apesar dos perigos. Quando voltou a se unir ao irmão mais velho, Carden dava instruções ao mestiço Mokre.

  • Voe até a cidade de Epron e avise meu tio, o rei Guntahar do que está acontecendo. Diga-o para se preparar, depois parta para a única cidade predestinada no oriente, Cattal e avise a rainha guerreira Yume. Cattal com certeza será a primeira cidade a ser atacada por estar em pleno território inimigo. Não vamos deixar que Yume seja pega de surpresa. Agora vá.

Tão logo a criatura alçou vôo, os irmãos partiram no sentido contrário ao oriente, na esperança de firmar alianças.

  • O que tem em mente, Carden?

  • Vamos visitar as duas tribos ciclopes e também os duendes.

  • Os ciclopes não costumam ser amistosos.

  • Eu sei, mas tenho um bom argumento.

  • Os duendes, tirando os Goblis, são péssimos guerreiros. A maior parte deles nem sequer sabe lutar.

  • Precisamos de todos com quem pudermos contar.

  • Os centauros são vizinhos dos ciclopes, por que não passamos por lá?

  • Palinn disse para nem perdemos tempo com eles. Não se unirão a nós por justificativa nenhuma. A impressão que tem a respeito de nosso povo é péssima.

  • Sei disso, mas o próprio Palinn não gostava de nós, e agora daria a própria vida por você.

  • Eu salvei a vida dele. É diferente. Ele acha que tem uma dívida comigo.

  • Dentro de algumas horas vamos passar por aldeias bárbaras. Vai convida-los também?

Carden olhou para o irmão com cara de poucos amigos. Os bárbaros, apesar de humanos, são considerados pelo povo predestinado como inferiores, pela maneira como escolheram viver. Quase nunca tomam banho, pintam-se como índios, se vestem com minúsculas tanguinhas e as mulheres andam com os seios à mostra. Suas cabanas são feitas de palha, por onde entra água quando chovem, enlameando-os, o que não parece incomoda-los. Por estarem quase sempre em exposição ao sol abrasador do ocidente, são bem mais morenos do que os predestinados. Carden, orgulhoso, não pensou em chamá-los, contradizendo sua próprias palavras, que diziam ser toda e qualquer ajuda bem vinda.

  • Não estou dizendo que eles não deveriam aderir a causa, porém, a manifestação deve partir deles próprios.

  • Entendo. Afinal de contas, somos a civilização mais evoluída do planeta.

Carden sabia que o irmão mais novo estava sendo sarcástico e odiava isso nele. Preferiu não rebater o comentário. Os humanos eram mesmo a civilização mais organizada, precedida pelos faunos. Eram também os seres mais numerosos depois dos Reptilescos e dos rastejadores. Cavalgaram lado a lado por algumas horas, Carden em seu unicórnio listrado Vallet e seu irmão no dele, malhado, a quem chamava por Zohan, até chegarem a um dos vários acampamentos bárbaros por onde passariam em sua jornada. Eram seguidos por duzentos soldados predestinados. Carden torceu o nariz quando uma jovem bárbara acenou para ele de onde estava, agachada, urinando ao ar livre. Crapht não conteve o riso. Não compartilhava com seu irmão e com seu pai o desprezo pelos bárbaros. Até os achava engraçados, embora fedorentos. Se queriam viver daquela maneira, era problema deles. Além dos duzentos soldados e da noiva de Crapht, eles contavam também com a presença de Carmina, poderosa feiticeira entre os predestinados. Toda caravana que se prezasse deveria ter uma. Não eram loucos de adentrar as matas e florestas sem proteção mística. Este sempre foi um dos ensinamentos de Kronus. O soberano dos predestinados amava as feiticeiras com todas as suas forças. Ele tinha grandes motivos para isso. Schrmyr, agora com seiscentos e quarenta e um anos de idade, já havia lhe salvado a vida inúmeras vezes e a própria Carmina em pelo menos uma ocasião. Fora isso, graças às poções de sua conselheira mística, ele já passava dos duzentos e cinqüenta anos de idade. Não tinha aspecto jovem, por causa das poucas oportunidades que teve para hibernar, mas para ele, isso não importava. Sua grande barba branca e suas enormes rugas eram motivo de orgulho para si. Os poderes de Daeminikus não possuíam origem mística. São naturais dos demônios. Nasceram com ele, sem que houvesse necessidade de estudar bruxaria e recitar encantos. Quando se tornou adolescente, aos duzentos e oitenta e sete anos de idade, Daeminikus percebeu que possuía mais poder que qualquer outro ser vivo do planeta, e decidiu que um dia seria dono de tudo. Começou sua obra eliminando todos os de sua própria espécie, para que não tivesse concorrência. Há cento e vinte e dois anos atrás, conseguira matar o penúltimo demônio vivo, sua própria mãe, que poupara durante séculos. Num acesso de fúria, a estrangulou, somente por ela ter se recusado a fazer o que pedia.

No lar de Gargântua, o qual ela chamava carinhosamente de seu covil, ela dava instruções às filhas para “se comportar” enquanto estivesse ausente. Deaminikus havia incumbido um dragão da estirpe dos dragões negros para conduzi-la aos seus exércitos, afim de repassar instruções. Neste momento, eles se encontravam a vinte quilômetros de seu primeiro alvo. A cidade de Cattal, governada sabiamente pela guerreira Yume. A rainha não seria pega de surpresa como imaginava a bruxa mãe. Horas atrás, o mensageiro mestiço dos predestinados já havia lhe informado do que ocorreria. Yume corria contra o tempo, pois ao chegar ao seu castelo, Mokre havia sobrevoado um vale por onde pôde ver o exército inimigo se aproximando. Eram milhares de reptilescos nativos de Hillak. A rainha, que ficara famosa ao matar sozinha um dragão da estirpe dos dragões negros, anos atrás, gritou aos seus súditos, da paliçada de seu castelo, para que fugissem imediatamente, pois nada poderiam fazer. Era inútil lutar contra um inimigo tão numeroso. Seria estupidez tentar resistir a tal horda do mal.

  • Tentem ultrapassar a fronteira. Se esforcem para chegar ao ocidente. Neste momento, nenhuma outra cidade do oriente é segura. Boa sorte para todos.

Yume sinalizou para seu belo cavalo alado, Cisne, que desceu ao seu encontro. Ela então montou-o, deu uma última olhada ao redor e decolou, chorando. Yume não tinha marido ou filhos. Se tivesse, teria sido pior. A mesma sorte não tiveram os aldeãos e camponeses lá embaixo, deixados à própria sorte com suas famílias. Ela olhou pra baixo e os viu se dispersar rapidamente, abandonando seus lares. Uns poucos, somente se sentaram, esperando a morte. Ao passar pela horda reptilesca, Yume estremeceu. Logo acima deles, planava um imenso dragão negro carregando a bruxa Gargântua. Atiçou sua montaria o mais que pôde, mas sabia que cavalo alado algum poderia voar mais rápido que um dragão. Olhou pra trás e seu temor se tornou real. Ela vinha em seu encalço a toda velocidade. Cisne já mostrava sinais de fadiga, então ela decidiu diminuir para não sobrecarrega-lo. Se aquele não fosse um dragão cospe-fogo, havia uma chance de lutar, embora remota. Caso contrário, seriam carbonizados em segundos. Ao olhar na direção do dragão, aguardando-o de espada em punho, Yume viu um pequeno ponto se mover por trás dele. Forçou a vista e o ponto começou a ficar mais visível conforme se aproximava. Percebeu então se tratar de Malick e Genith, sacerdotisas dos elementais do ar com seu fiel dragão da estirpe dos dragões de luz, Panicept. Yume riu aliviada, embora isso não quisesse dizer que estaria salva. Quando o dragão da bruxa mãe se aproximou a ponto de atacar, a rainha mergulhou fundo, com a intenção de ganhar tempo. O dragão passou direto e demorou alguns segundos para refazer seu curso, e quando o fez, deu de cara com Panicept cuspindo labaredas na sua cara. O jorro foi tão intenso que chegou a derreter parte do crânio do gigante alado, que morreu quase que imediatamente. Gargântua, surpresa, praticamente cuspiu palavras místicas que fizeram com que as duas sacerdotisas escorregassem de sua montaria. O dragão obviamente se concentrou em salva-las, esquecendo da bruxa por momentos vitais para ela, que se tornou invisível e ao se aproximar do solo, transmutou grama, rochas e terra abaixo de si em água. Sua atitude brilhante lhe salvou a vida, mas a deixou completamente fatigada. Uma só magia custa a uma bruxa extrema exaustão mental e física. Várias delas de uma única vez pode até mesmo matar. As sacerdotisas se uniram a Yume e passaram a procurar pela bruxa, sem sucesso. Sabiam que estaria exausta e a sua mercê e por isso insistiram em tentar encontra-la, mas desistiram quando começou a anoitecer.

  • Como me encontraram?

  • Viemos avisa-la do ataque iminente, mas pelo visto você já sabia.

  • Obrigada. Serei sempre grata a vocês três.

  • Estamos aqui para ajudar. Agora vamos sair destas terras inimigas o quanto antes. Vamos para o ocidente.

A caravana de Carden finalmente chegava as terras habitadas pelos duendes da categoria dos gnomos. Apesar dos gnomos serem criaturas da mesma espécie dos goblins, foram separados, centenas de anos antes, pelos elementais da terra. Os elementais ensinaram as artes místicas aos pequeninos, que passaram a se chamar goblins. Os goblins, desde então, não mais andaram, passando a flutuar, tendo túnicas como roupas e se tornaram seres mágicos, usando cetros, sem os quais parecem perder seus poderes. Enquanto isso, os gnomos praticamente não evoluíram. São criaturas de aproximadamente trinta centímetros de comprimento, de narizes e orelhas grandes e avermelhadas, de caras amarradas, olhos verdes e vestem somente tanguinhas e cordões feitos de dentes de animais abatidos por eles próprios na floresta que habitam. Dois deles observavam Carden, de lanças nas mãos, por trás de uma moita. Quando o predestinado percebeu suas presenças, saltou de sua montaria e se dirigiu até eles, dizendo vir em paz. Os gnomos não falam, como os Goblins, que aprenderam a fala por intermédio dos elementais da terra. Porém, entendem tudo o que lhes é dito.

  • Podem me levar até seu líder? Ainda é Colcan, eu presumo.

As criaturinhas se olharam e apontaram com a ponta da lança para dentro da mata fechada. Em seguida, partiram na frente, guiando a tropa. Carden, que costumava andar somente de tanga e botas de couro, com o corpo desprotegido, sofreu com os arranhões causados pelos galhos. De cabelos lisos e compridos, e bem musculoso, o herdeiro do trono dos predestinados aparentava puro vigor. Ao ser conduzido diretamente ao líder gnomo, pegou um cantil que estava pendurado em seu unicórnio e o ofertou ao pequenino. Sabia que ganharia pontos com ele, pois adoravam ganhar presentes, principalmente quando se tratando de qualquer tipo de bebida alcoólica, o que era o caso. Ele destapou o vasilhame, cheirou o conteúdo e sorriu.

  • Colcan, estimado líder dos gnomos... Infelizmente, trago más noticias. Deaminikus mandou seus exércitos invadirem o ocidente. Temos uma crise sem precedentes. Venho pedir sua adesão, pois lutaremos contra suas forças do mal. É desnecessário dizer que se o demônio ganhar esta guerra, seu povo também sofrerá o impacto das conseqüências.

Colcan ouviu Carden com atenção, depois, sua atitude falou por si. De dentro do tronco oco de uma árvore, retirou uma armadura. Era o único dentre todos os duendes que possuía uma. Vestiu-a, assoviou para todos os seus súditos e partiu com mais de quatrocentos gnomos, unindo-se a caravana. Dois dias depois, chegaram a primeiro tribo ciclope. Tratavam-se dos Calibaths, ciclopes de pele negra que habitavam conjunto de cavernas comunitárias na região montanhesa daquele trecho. Carden voltou a fazer o discurso de dias antes, diante de Acnator, líder dos Calibaths. Este, ergueu a mão esquerda sobre a cabeça e coçou a testa, pensativo. Após alguns minutos, se uniu ao grupo, levando consigo somente três outros ciclopes. Era melhor do que nada. Além disso, um só ciclope já faria diferença, pois aquelas criaturas de um olho só possuíam quase seis metros de altura. Seus tacapes eram troncos inteiros de árvores, lascados à mão. Carden agora partia numa viagem de pelo menos uma semana. Estava indo conversar com outra tribo de ciclopes. Os Pigmons, de pele alva. Além da cor da pele, os Pigmons se destacavam dos Calibaths também por ter orelhas pontudas como os elfos e terem o corpo coberto por calombos. Fora isso, a altura e os hábitos eram os mesmos, sendo inclusive as duas tribos amigas. Já cansados da jornada, chegaram às montanhas dos Pigmons. Carden conversou com o conselho de lideres da tribo durante horas, na esperança de faze-los aderir, em vão. Não desejavam entrar na guerra por não acreditar que chegassem a ser atacados. Achavam que Daeminikus jamais interferiria em sua tribo, por não crer que algo ali fosse do interesse imediato do demônio. Desolado, Carden e seus homens se afastaram do complexo de cavernas. Duas horas após ter retomado o caminho pra casa, Ergôn, guerreiro do grupo que havia se atrasado propositalmente para defender a retaguarda, chegou galopando seu cavalo e gritando ao líder Carden que um ciclope Pigmon os seguia. Todo o grupo se dispersou, uns subindo sobre árvores, outros se escondendo por trás delas estrategicamente. Somente os Calibaths, Carden e Ergôn permaneceram onde estavam. Minutos depois, a gigantesca criatura surgiu, derrubando algumas árvores para poder passar.

  • Pare, criatura! Se derrubar mais uma única árvore que seja, mando meus arqueiros criva-lo de flechas, e, acredite, eles vão começar pelo único olho que você possui nesta sua cara feia.

  • Se me cegar, filho de Kronus, como irei-te ser útil, me diga?

  • Pensei que não desejavam guerrear.

  • Não faça das palavras do conselho as minhas. Eu andava muito entediado. É hora de agitar um pouco as coisas. Matar uns orientais vai me fazer sentir vivo de novo.

  • Já que é assim, seja bem vindo.

Desta maneira, o curso foi retomado, e vários dias depois, os aliados chegavam a grande cidade Luminar, mais conhecida como cidade do sol. Luminar era a capital da nação dos predestinados, comandada diretamente por Kronus, e, por ser banhada de maneira ardente pelo sol, era conhecida como tal. Toda a caravana foi recebida às portas do castelo por Axe, guerreira de pele negra e cabelos brancos, musculosíssima, Ranin, adestrado oficial de aves de rapina, Harshini, esposa de Kronus e madrasta de Carden e Crapht, Wenhn, filha de Harshini com Kronus, portanto princesa e meia-irmã de Crapht e Carden, Ahgator, filho único de Carden com a mãe, Minéel, Yume e vários serviçais prontos para receber a todos com um grande banquete regado a bebidas.

Horas mais tarde, farto de tanto comer e beber, Carden se aproximou de sua madrasta e a indagou.

  • Onde está meu pai? Não é comum que perca um banquete como esse.

  • É verdade. Qualquer um que conhece o rei Kronus sabe de seu apetite gigantesco. Porém, ele se encontra passando instruções ao mensageiro mestiço.

  • Mokre? O que tem pra passar a ele? Pra onde irá desta vez?

  • Viajará todo o ocidente, informando as cidades predestinadas sobre a guerra e convocando os maiores guerreiros da nação para o combate. Já sabe sobre a cidade de Yume?

  • Sim. Já me disseram. Passarei somente três dias descansando no castelo. Após isso, sairei com todo o contingente possível em direção as hordas inimigas. Não podemos perder tempo. Quero alcança-los antes que cheguem ao ocidente e dizimem mais cidades nossas.

  • Isso é improvável. Eles já se encontram muito adiantados. A perda de outras nações predestinadas é inevitável.

  • Então mandarei reforços alados as cidades mais próximas da fronteira. Me faça um favor. Me chame as sacerdotisas do ar.

  • Como quiser...

Harshini se afastou, mas não demorou a retornar, desta vez na companhia de Genith e Malick, sacerdotisas dos elementais do ar.

  • Sacerdotisas... Quero, em primeiro lugar, parabenizá-las por ter salvo nossa amada Yume. Temo pela segurança das cidades da fronteira e levarei tempo demais para ter acesso a elas por terra. Necessito que o povo alado envie seus melhores guerreiros afim de segurar o avanço das tropas inimigas de Daeminikus.

  • Nobre príncipe Carden... Entendo sua necessidade, porém, como bem sabes, o povo alado não é destrado no combate. Poucos deles sabem lutar. Seus maiores guerreiros são Fartith e Huná, guarda-costas da princesa alada Mienni. Outros nomes entre eles não merecem ser mencionados. Se me permite uma opinião, se sua necessidade é ceder apoio imediato as cidades fronteiriças, apele aos elementais do ar pelo apoio dos dragões de luz, que lhes são devotos.

  • Façam isso por mim. Eles nunca negariam um pedido a suas sacerdotisas.

  • Está bem. Prepare alguns de seus soldados que não tenham medo de altura. Falarei com meus mestres hoje ao anoitecer. Em alguns dias suas cidades terão sua defesa reforçada.

Carden ficou feliz e aliviado. Uma sombra passou por ele neste momento, vinda do céu. Intuitivamente olhou para cima, em tempo de observar o veloz e fiel Mokre partir a toda velocidade, rumo as cidades predestinadas para alerta-las do perigo iminente. O mestiço Mokre nasceu da união forçada entre um rastejador e uma alada. Tão logo sua mãe conseguiu fugir da casa de seu pai, Mokre fez o mesmo, só que para procura-la. Sentia muito sua falta, e, em sua busca, acabou chegando a grande cidade do soberano Kronus. Curioso, o rei acabou por adota-lo e este passou a ser seu fiel mensageiro, por ser a criatura viva mais rápida do planeta, embora de aspecto estranhíssimo.

 

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